O Rio Sena está no centro das atenções das Olimpíadas de Paris, desde antes do seu início oficial. Um dos ícones da capital da França foi "experimentado" por políticos para "provar" que a água estava limpa o suficiente para receber competições dos Jogos.
Depois da forte chuva que atingiu a cerimônia de abertura, na sexta-feira dia 26 de julho, o triatlo masculino, que foi a primeira prova no local foi adiada por dois dias e acabou realizada na quarta-feira, dia 31 de julho, na mesma data do individual feminino.
De lá para cá, a qualidade da água continuou sendo debatida, até porque os treinos para reconhecimento da natação foram cancelados pela organização por reprovarem no teste.
Na noite deste domingo, o Rio Sena foi aprovado e a prova do revezamento misto do triatlo foi realizada na manhã desta segunda-feira (05).
E como foi nadar no rio mais famoso da França? Os próprios atletas que competiram no triatlo responderam!
“Foi um espetáculo. Eu acredito que todo mundo iria topar nadar em uma água um pouco sujinha, para poder competir com essa galera. O apoio da torcida, tanto dos ses como dos australianos que estão aqui, foi incrível. Os torcedores estavam presentes na natação, ciclismo e corrida. Como eu já disse, todo mundo nadaria nessa água um pouco sujinha para viver essa experiência.”, disse Matthew Ha, da Austrália.
“Nós, atletas de triatlo, estamos acostumados a nadar em lugares muito variados ao redor do mundo. A realidade é que a gente precisa encontrar um lugar que a gente consiga nadar, pedalar e correr, então muitas vezes é difícil, mas faz parte do nosso esporte. O fato que competimos no centro de Paris, com a Torre Eiffel no fundo e tudo mais, faz com que eu me sinta muito orgulhoso de fazer parte desse esporte e queremos mostrar isso para o mundo.”, completou o australiano.
"Nós não percebemos (a sujeira), na hora da competição você está mais focado na correnteza. Nós não ficamos doentes, graças a Deus. Nós já estivemos em lugares mais contaminados, então, estávamos preparados para isso. Foi uma das competições mais bonitas e as fotos ficaram lindas. A quantidade de pessoas de toda parte do mundo também, foi uma competição muito bonita", contou Rosa Maria Tapia Vidal, do México
"Competir em um cenário como este, diante da nossa gente e de tanto público, é o que devemos valorizar. No final, a água poderia estar boa ou não, mas felizmente nada nos aconteceu. Então, estou super contente de ter participado destes Jogos Olímpicos." relatou Anna Godoy Contreras da Espanha.
A qualidade da água pareceu não incomodar os atletas, inclusive os brasileiros que terminaram em 8º lugar no revezamento misto do triatlo.
“Não tem diferença nenhuma. A única coisa que realmente mudar é a correnteza, mas se nada em rio, vai ter correnteza. Então, a gente estava com isso (correnteza) na cabeça já e não teve influência nenhuma pra gente. Eu acho que é mais para os espectadores, que estão do lado de fora ouvindo tudo isso (sobre a qualidade da água) do que realmente para nós atletas.”, disse Djenyfer Arnold.
"De uns anos para cá, eles (organizações) ficaram muito mais rigorosos no contro
le da qualidade da água. Assim, 55 homens e 55 mulheres largaram a prova (no individual), 110 atletas. Quando você faz esforço de uma hora e quarenta minutos, ainda vindo de treino forte e de uma preparação no limite do seu corpo, é completamente normal sua imunidade abaixar depois de esforço desse. Então, a gente tem que sempre tomar muito cuidado para não ficar doente.", explicou Miguel Hidalgo.
A polêmica sobre o Rio Sena ganhou uma proporção ainda maior depois que a Bélgica anunciou que não disputaria o revezamento misto do triatlo devido uma atleta ficar doente após a prova individual.
"Largam 110 atletas, então a chance de alguém ficar doente sempre existe, por isso que tem os reservas e por isso que tem a wait list (lista de espera para desistências). Então, a gente não pode afirmar que foi água, e se foi, eu não escutei muitos relatos de atletas ando mal. Então, toda prova de teatro vai até alguém ando mal no dia seguinte", relatou Vittoria Lopes.
"De 110 atletas, só uma ou mal, não dá pra culpar o Rio", defendeu Djenyfer.
"Sobre a qualidade da água, eu que sou cara que tem estômago frágil e é meu ponto fraco, eu não senti absolutamente nada. A água não foi nenhum problema em relação à qualidade não. O único desafio era a correnteza", conclui Miguel.
O Rio Sena voltará a ser o palco de uma disputa olímpica na próxima quinta-feira (8) na disputa masculina da maratona aquática.