Léo Jabá era do time do Corinthians vice-campeão da Copa São Paulo de 2016, que perdeu a final para o Flamengo nos pênaltis e participou de parte da campanha do título brasileiro pelos profissionais de 2017. Pouco mais de dois anos depois, ele está prestes a realizar um sonho. Isso porque o atacante de 20 anos é uma das esperanças do Paok, da Grécia, que, nesta terça-feira, decide, contra o Benfica, uma vaga na fase de grupos da Uefa Champions League.
Como empatou fora de casa, a equipe precisa apenas de uma vitória simples, ou até mesmo um empate em 0 a 0, para garantir a vaga e colocar o garoto frente a frente com alguns dos maiores craques do futebol mundial.
Porém, não pense que essa trajetória foi fácil. Isso porque ele, que antes de chegar às categorias de base do alvinegro ou também pelo São Paulo, foi chamado para o time principal justamente depois da Copinha de 2016, mas nunca conseguiu ter sequência.
Tanto é que, apenas 20 jogos depois da estreia e com um gol marcado, ele já foi negociado com o Akhmat Grozny, time que disputa o Campeonato Russo, pela quantia de 2 milhões de euros (R$ 7,5 milhões na época), no início de 2017.
E seu impacto na Europa foi imediato, para a surpresa do próprio jogador. "A temporada na Rússia foi muito boa por ser a primeira. Foi além da expectativa não só minha, mas acho que de todos. Eu saí do Brasil com 18 anos e cheguei em uma liga diferente, com um país bem diferente também e me saí super bem. Amadureci, foi muito bom para mim tanto dentro de campo, como fora. Evoluí como pessoa e como profissional", revelou, em entrevista ao ESPN.com.br.
Mas sua experiência na Rússia também teve momentos complicados. Primeiro porque Leo Jabá, pela primeira vez, se viu longe de seus pais e segundo que o clube em que ele foi atuar fica na cidade de Grozny, capital da região da Chechênia, local com cultura muito diferente à que ele estava acostumado, principalmente por causa do grande número de muçulmanos. O fato fez até ele se meter "em apuros" por não conhecer as tradições da religião.
"O caso mais curioso que eu vivi foi na minha primeira semana de Rússia. Eu sou brasileiro e estava muito calor. Não sabia da regra de não poder usar bermuda na rua. Então a gente saiu de bermuda e algumas pessoas pararam a gente na rua bem bravos. A gente não entendia, mas liguei para o tradutor e ele explicou que não podia. Ele teve que ir me buscar no lugar que eu estava. Foi bem curioso. A cultura deles é bem rígida, mas eles respeitam muito e aos poucos fui me adaptando. O carinho do povo é algo que eu vou levar para o resto da minha vida", revelou.
E seu desempenho no Akhmat Grozny logo em seu primeiro ano foi tão surpreendente, que ele ou a chamar atenção de outras equipes. E acabou escolhendo o Paok, da Grécia, que pagou 5 milhões de euros por ele.
"Não estava no meu pensamento. O que tinham me ado em dezembro era que alguns times estavam interessados em mim. E quando me apresentei na Áustria para a pré-temporada, meus empresários falaram que tinha surgido a oferta do Paok. Procurei saber mais sobre o clube e me identifiquei muito, até pelo projeto ambicioso. Então acreditei, os clubes se acertaram e graças a Deus deu tudo certo e estou muito feliz. Creio que acertei na escolha e não me arrependo em nada de ter vindo para cá".
Para a escolha, Jabá contou com os conselhos de seus empresários e, principalmente, foi o técnico Razvan Lucescu, filho de Mircea Lucescu, atual treinador da Turquia e que construiu uma relação para lá de vencedora com atletas brasileiros nos 12 anos em que foi técnico do Shakhtar Donetsk.
Foi ele o responsável pelas muitas contratações de jogadores vindos do Brasil e que, pouco tempo depois, se tornaram em alguns dos grandes nomes do futebol europeu, como Fernandinho, Willian, Douglas Costa, Fred, entre muitos outros.
"É um cara que eu tenho que agradecer muito a Deus por estar trabalhando com ele. Ele está me ajudando muito e tem respeito de todos. Quando soube que ele tinha interesse em mim, não pensei duas vezes por saber do histórico do seu pai e também por causa do seu estilo ambicioso. Então está sendo demais. É um cara que mostra ter um carinho muito grande pelos brasileiros. Ele fala muitas línguas, como inglês, francês e romeno, mas português não. Mas o seu auxiliar, o Cris (Cristiano Bacci, que possui experiência no futebol português), que é italiano, fala português", revelou ele, que atua ao lado de dois compatriotas no Paok, o lateral direito Léo Matos, ex-Flamengo, e o meia Maurício, ex-Fluminense e Corinthians.
Outro fator que encantou o brasileiro foi o clima na Grécia ser mais ameno do que na Rússia. "Está sendo uma experiência incrível. É um país que parece muito com o Brasil. Tem calor, tem praia e o pessoal é muito simpático, ainda mais quando sabe que você é brasileiro. Ainda não conheci muita coisa, mas pretendo fazer um eio maior com a família".
Sonho com a Champions 441618
Apesar do atacante ainda estar em seu início de carreira no Paok, ele já a por, possivelmente, a série de jogos mais importantes da história da equipe. Isso porque a equipe decide, contra o Benfica, uma vaga na fase de grupos da Champions League, a principal competição de clubes em todo o mundo. E o ex-corintiano não consegue esconder a empolgação com o fato.
"Demais né, incrível! Um sonho de criança. Estou muito feliz, motivado e focado. Agora só falta um o. Estamos muito próximos de um sonho que pode virar realidade. A gente fala que viveu praticamente uma fase de grupos, pois pegamos o Basel, da Suíça, depois o Spartak, da Rússia e agora o Benfica. Todos adversários bem difíceis. Vamos fazer o jogo mais importante da história do clube até hoje. Então estamos focados e trabalhando juntos e tenho certeza que vai dar tudo certo", se empolgou.
Acostumado com o amor dos fãs, já que atuou por oito anos, entre categorias de base e profissional, no Corinthians, Léo Jabá não esconde que a força que vem das arquibancadas o motiva ainda mais a brilhar.
"A nossa torcida aqui é muito apaixonada. Eu cheguei agora e desde o primeiro contato, eles já têm um carinho muito grande por mim. Cada vez mais quero representá-los dentro de campo. Sou reconhecido nas ruas e vejo torcedores com camisetas com meu nome. Estou muito feliz com esse reconhecimento e é só o começo. Espero dar muita alegria a eles com gols, títulos e entrando na Champions", garantiu ele.
E como atuou muitos anos na equipe paulista, o atacante ite que segue acompanhando o time, onde tem muitos amigos até hoje. "Tenho um carinho muito grande pelo Corinthians. Torço pelos meus ex-companheiros e tenho certeza que as coisas vão melhorar em breve. Estou na torcida por eles sempre", finalizou.